A piloto portuguesa Elisabete Jacinto está a realizar um percurso pelas estâncias termais que integram a rede Termas Centro. O texto que se segue é o testemunho da experiência nas Termas de Monfortinho, onde teve início a sua “Rota das Termas Centro”.
Ir às Termas de Monfortinho significa ir mesmo até ao fim da estrada. À chegada, o ideal será estacionar o carro e, se quiser prosseguir, faça-o a pé ou de bicicleta pois tal pode significar o início de umas férias ou de um fim de semana bem passado. Garanto que não se vai arrepender. Nesta região há muito para descobrir e para explorar… para além de poder ainda desfrutar do que as termas têm para lhe oferecer.
Descubra: O Percurso que nos leva de olhos no céu
Termas de Monfortinho é o nome do espaço termal, mas também da pequena localidade que cresceu em virtude do dinamismo provocado pelos amplos benefícios destas águas. Caracterizada por um pequeno aglomerado de casas, separadas por ruas amplas e arejadas, tem como principal característica a simpatia da sua gente. O acolhimento aqui é extraordinário.

Estávamos particularmente interessados em explorar a região. A melhor forma de o fazer, na nossa perspectiva, é a pé. Por essa razão partimos à descoberta. O pomar de laranjeiras em frente às termas convida-nos a ir em direcção ao rio, onde o cantar dos pássaros e o coaxar das rãs ecoam numa sinfonia impressionante. A partir daí começamos a subir a encosta da Serra do Cancho, com uma inclinação gradual, que leva até ao miradouro das antenas e nos permite admirar a paisagem raiana. Daí começamos então a descer gradualmente entre o arvoredo e tufos de flores até chegar à povoação. Depois de a atravessar voltamos a encontrar o Rio Erges e a caminhar com ele até chegar de novo às termas. Este é o circuito pedestre das “Termas de Monfortinho”, pouco mais de seis quilómetros e que faz também parte da PR6.


Para os apaixonados pelas caminhadas este não será mais do que um pequeno aquecimento face à grande oferta de percursos pedestres na região. Estamos no Concelho de Idanha-a-Nova e, aqui, os percursos são cuidados pela autarquia como se de um jardim se tratassem. Não é por acaso. Estamos na região do Geoparque Naturtejo, um território que protege e promove o Património Geológico e o desenvolvimento local sustentável, onde um conjunto de Geossítios ou geomonumentos testemunham a evolução da terra. A estes Geossítios acede-se através das várias rotas pedestres das quais são exemplos a Rota dos Abutres (PR1), dos Fósseis (PR3), dos Barrocais (PR 5), do Erges (PR 6) e dos Balcões (PR 7). Com o entusiasmo, o tempo passa depressa e lamentamos não ter percorrido todas as rotas.
Optámos por partimos à descoberta da Rota dos Abutres. O nome era demasiado sugestivo para nos deixar indiferentes. Dirigimo-nos assim a Salvaterra do Extremo, povoação situada, exactamente, no extremo do país e que desempenhou no passado um papel importante na defesa da nacionalidade. Na realidade, estamos a uma curta distância do Rio Erges, que nos separa do país vizinho.




A caminhada começa entre muros de pedra granítica, construídos numa época em que era necessário limpar o terreno para ser cultivado. O azinhal tem uma presença determinante e, por isso, não estranhámos encontrar, ainda em muito bom estado de conservação, uma concentração de Furdas. As Furdas são abrigos construídos em pedras, com uma forma circular, rodeados por um recinto murado destinado à criação do porco. Apesar da calçada de pedra medieval chamar a nossa atenção, o nosso olhar dirige-se frequentemente ao céu, onde os Grifos vão esvoaçando aproveitando as correntes de ar ascendentes. Os Grifos são uma espécie de abutres cuja envergadura ultrapassa os 2,5 m e é impressionante vê-los voar ali no vale, mesmo em frente ao “Observatório de Aves da Caseta”. Aqui os especialistas conseguem ainda distinguir o Abutre do Egipto, a Águia Imperial Ibérica ou a Cegonha Negra.




O percurso continua em boa parte ao longo do Rio Erges, revelando a sua particular riqueza em biodiversidade, mas também em termos culturais. Recordo o moinho de alagamento com o teto coberto de morcegos ou a Fonte da Ribeira já com muitos anos de construção. Sentimos, mas não vimos, os javalis que rapidamente se esconderam com a nossa passagem. Regressámos a Salvaterra do Extremo e, logo depois, às Termas de Monfortinho para recuperar do esforço desenvolvido… mas não sem antes visitar Monsanto. Vale a pena!



Onde ficámos e onde fizemos as refeições
Descansámos no Hotel Boavista, que prima pela simpatia do pessoal e responsáveis da unidade, e no Hotel Fonte Santa que, com o seu magnifico jardim, constitui uma excelente oportunidade para recuperar energias perfazendo uma combinação perfeita com as termas. Também a Herdade do Clube de Tiro de Monfortinho, cujos bangalós permitem um contacto directo com a natureza numa paisagem deslumbrante, é uma excelente opção. Quanto às refeições, os restaurantes da Herdade do Clube de Tiro e do Hotel Boavista impressionaram-nos pela qualidade e quantidade das iguarias servidas.


Explore: O Parque Icnológico de Penha Garcia
Penha Garcia é uma povoação acastelada que vale a pena ser visitada. Para além da sua particular beleza, esta povoação atrai pelas íngremes vertentes da crista quartzítica sobre a qual foi construída e que fazem as delícias dos amantes da escalada. É impressionante pensar que todo este local já foi banhado pelo oceano e, por essa razão, é hoje considerado um dos Geossítios. Vale a pena caminhar por ali, explorar aquelas paredes rochosas na busca dos vestígios fossilizados de trilobites e de outros seres marinhos que não estão sinalizados. Desça até aos moinhos de Rodízio e perceba como viviam aqui as pessoas em outras épocas.









Desfrute: De um Duche Vichy inesquecível
As termas de Monfortinho, abrigadas num edifício de arquitetura clássica, transmitem confiança e tranquilidade. As suas águas são recomendadas para as doenças da pele, do aparelho respiratório, circulatório, digestivo, nefro-urinário assim como para as doenças metabólicas-endócrinas, reumáticas e musculo-esqueléticas.
Dispõem também de uma grande quantidade de técnicas de bem estar de qualidade dos quais vale a pena usufruir. O Duche Vichy, por exemplo, ficou para sempre gravado na nossa memória. O Duche Vichy consiste numa técnica que combina uma massagem exercida pela pressão dos jactos de água termal com a das mãos de um/uma massagista, produzindo uma excelente descontração muscular e uma profunda acção tónica. Como se tal não bastasse, nas termas de Monfortinho esta massagem é feita a quatro mãos dirigida a todo o corpo, por quem domina a técnica de uma forma exemplar. Depois de um Duche Vichy sentimo-nos revigorados e, simultaneamente relaxados. Feita com esta mestria transforma-se num momento inesquecível.



Mais informações sobre as Termas de Monfortinho aqui.
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