A piloto portuguesa Elisabete Jacinto continua o seu percurso pelas estâncias termais da rede Termas Centro. Este texto, escrito na primeira pessoa, é a sua experiência nas Termas do Cró.
O primeiro grande impacto das Termas do Cró é sentido, não só pela moderna arquitectura do edifício (inaugurado em 2013) mas também pela sua localização. Situa-se no concelho do Sabugal, em plena natureza, longe de tudo o que possa causar alguma perturbação, formando uma espécie de pequena ilha de tranquilidade para quem ali quiser passar uns dias. Apenas a N324 lhe dá acesso e, para lá chegar, escolhemos a estrada mais estreita, que se revelou de uma extraordinária beleza face à elevada densidade de giestas ainda em flor. Assim, o verde e o amarelo são as cores que marcam a chegada ao Cró nesta época do ano. Eu, que gosto particularmente de sítios pouco povoados, senti-me realizada.



Contudo, uma vez chegados ao local, a nossa curiosidade divide-se entre o moderno complexo constituído pelas termas, Hotel Rural e ruínas do antigo balneário. Estas têm uma presença marcante na paisagem e exercem um certo fascínio. Este antigo balneário foi construído em 1935 mas, com o tempo, acabou por ser abandonado. As ruínas incluem ainda a Pensão dos Milagres, o antigo posto telefónico e de correios, os poços de armazenamento de água termal e algumas outras casas. Todos estes edifícios, juntamente com a igreja da Senhora dos Milagres, já recuperada, ficam situados de cada um dos lados da Ribeira do Côa, também designada Ribeira do Boi, e constituem um verdadeiro museu daquilo que foi, no passado, este espaço termal. Merece a visita.


Desfrute: Dos efeitos imediatos da Thalaxion
As águas termais do Cró são particularmente recomendadas para as doenças do aparelho respiratório, reumáticas, músculo-esqueléticas e da pele.
Contudo, em termos de Bem-Estar, entre uma vasta gama de serviços, as Termas do Cró possuem uma fabulosa piscina lúdica hidrodinâmica da qual vale a pena desfrutar, pois acaba por se tornar divertida, com os seus repuxos, cascatas e jacuzzis.

Termas do Cró
Aqui vivemos também uma experiência nova, a Thalaxion, uma técnica de pressoterapia e frigiterapia combinada com hidromassagem. Por outras palavras, trata-se de uma banheira parcialmente coberta em que ficamos sentados. No seu interior, os jactos de água são dirigidos à região do abdómen, coxas e pernas, com pressões e temperaturas variáveis. Ou seja, a água quente, que tem um efeito particularmente relaxante, alterna com jactos de água fria. Esta sequência é particularmente revigorante para as pernas cansadas e também para quem tem má circulação e nós sentimo-lo de imediato. Depois de uma semana de correria e de longas caminhadas sentimo-nos revigorados. O bem-estar foi de tal forma evidente que a tardia viagem de regresso a casa acabou por se fazer com uma surpreendente facilidade.



À saída, dei comigo a lamentar o facto de não ter tido acesso a estas técnicas enquanto desportista. Elas teriam contribuído para uma recuperação mais rápida e menos dolorosa depois das provas.
Explore: A natureza a pé
Estamos no meio da natureza e faz sentido ir por aí para a conhecer. Até porque a paisagem é dominada pelo Carvalho-Negral, que lhe dá um particular encanto. O circuito pedestre das termas parte do balneário e leva-nos por uma pista de terra batida entre muros de pedra, mato, giestas e uma grande variedade de flores. O ambiente é muito agradável e, ao descermos à Ribeira do Boi, somos surpreendidos pelo facto de o encontrarmos coberto de pequenas flores brancas. Que bonito! Aí é suposto atravessar a água pela “Poldra”, uma passagem pedonal que nos obriga a saltar de pedra em pedra e iniciar a subida pela serra para chegar à Crista Quartzítica e ao marco geodésico para admirar a paisagem. Contudo, neste momento, demos azo ao nosso espírito de aventura e fomos por ali à procura do Rio Côa, um dos poucos que corre para norte, famoso pelas pinturas rupestres encontradas nas suas margens.





Não nos importando com os vários corta-matos, circulámos entre vegetação, às vezes quase tão alta quanto nós, e percebemos a origem da arte do bracejo, a produção de peças de artesanato feitas de junco, pois este é ambulante na região. Desta forma, tivemos o privilégio de estar em locais magníficos e a oportunidade de constatar que ali foi, em tempos idos, cultivado o cereal. Ainda se encontram ruínas dos moinhos de rodízio ao longo do rio e há, aqui e ali, pequenos amontoados de pedras resultantes da necessidade de limpar o terreno. Não fomos à Serra das Mesas conhecer a nascente do Côa, não ficámos a conhecer algumas das suas praias fluviais nem fomos à sua foz, mas ficámos com pena. Esta é apenas uma das muitas razões para cá voltar, um dia em breve.
Descubra: As aldeias históricas
Esta é uma boa oportunidade para conhecer aldeias que, na época medieval, tiveram, pela sua localização, uma importância estratégica determinante e que hoje são monumentos históricos. Sabugal, Vila do Touro, Alfaiates, Vilar Maior e Sortelha são locais de visita obrigatória.
Destas visitámos apenas o Sabugal e Sortelha. Ficámos surpreendidos pelo facto de esta última apresentar apenas um habitante no centro histórico, apesar do seu excelente estado de conservação. À saída deparámo-nos com o Restaurante D. Sancho, onde os bons petiscos nos preparam para a viagem. Embora a visita a estas aldeias tenha sido breve, foi o suficiente para tomarmos consciência da importância de voltar a estes lugares, com tempo e disponibilidade para aprender toda a história que têm para nos ensinar.




Sortelha

Mais informações sobre as Termas do Cró aqui.
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