Termas do Carvalhal, uma história com 200 anos

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O hotel inspirado num barco

Um relatório da Inspeção de Águas, de 1923, se bem que critique as condições dos balneários, elogia também o crescimento e a qualidade do alojamento disponível para acolher a “grande concorrência de aquistas”: “Além de algumas casas que se alugam no pequeno lugar do Carvalhal, que fica perto, um bom hotel com 60 quartos bem mobilados, salas de jantar e de baile, etc., e ainda um outro hotel, também muito razoável, com 40 quartos”.

O “bom hotel de 60 quartos” era o Hotel Astúrias, hoje Palace Hotel Astúrias, dos anos 20 do século passado. A história da sua construção, contada por Adérito Ferreira, é reveladora do poder curativo das Termas: “António Lopes fez grande fortuna no Brasil, mas uma terrível doença de pele destruiu todo o seu bem-estar, razão pela qual regressou a Portugal. Frequentou as termas do Carvalhal e, algum tempo depois, viu-se livre daquela doença graças às suas águas maravilhosas. Uma das formas que ele encontrou como reconhecimento pela cura que ali obteve foi mandar construir um hotel de acordo com as formas e tamanho do paquete que, alguns anos antes, o tinha levado à conquista de uma fortuna considerável para a época”. O paquete era o Astúrias, pertencente à frota da Mala Real Inglesa. O Hotel Astúrias já na época era frequentado pela alta sociedade, que ali encontrava teatro, cinema, bailes e ceias americanas que lhe davam a fama. Hoje, a sua traça arquitetónica mantém-se intacta e o edifício original foi restaurado.

Uma das formas que encontrou como reconhecimento pela cura que ali obteve foi mandar construir um hotel de acordo com as formas e tamanho do paquete que, alguns anos antes, o tinha levado à conquista de uma fortuna considerável para a época

Em 1927, um incêndio destruiu o balneário, que foi reconstruído sobre a mesma planta… para ser novamente devorado pelo fogo em 1931. Desta feita, foi construído outro diferente, com quatro banheiras de 1.ª classe e duas de 2.ª classe.

Duas décadas depois, em 1947, um relatório sobre atividade termal dá conta da existência de dois hotéis e pensões nas Termas do Carvalhal, o Astúrias e o Avenida. O diretor clínico, Dr. Constantino Carneiro Freitas, tinha entretanto renomeado as nascentes. A nascente n.º 2, que era conhecida por Fonte dos Leprosos, passou para Fonte de S. Lázaro, a n.º 3 passou de Fonte da Guarita do Juiz para Fonte Juvência e a fonte n.º 6 passou de Nova Nascente a Fonte de N.S. da Saúde. As outras três nascentes conservaram as designações anteriores: Buvete, Estrada e Depósito.

Apesar da crescente fama das Termas do Carvalhal, a localidade onde se inseria carecia de desenvolvimento. Em 1949, foi elaborado um aliciante anteplano de urbanização. Em consequência, em 1953 a rede de energia elétrica chega ao Carvalhal, embora, segundo Ferreira, os balneários só viessem a ser eletrificados anos depois.

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