Está envolta em mistério a origem das Termas de Sangemil, em Tondela, uma das estâncias termais de referência da rede Termas Centro.
Recorda o médico Fernando Agostinho de Figueiredo, autor de um estudo sobre as Termas de Sangemil, apresentado nos anos de 1940, que do “Banho”, como os povos da região então lhe chamavam, não persistem documentos ou relatos do seu uso por povos antigos. Isto apesar de por Sangemil passar uma via romana, que ligava Viseu a Tábua.
Sobre a designação do local, conta o mesmo autor que é Sangemil, e não S. Gemil, como erradamente era muitas vezes grafado, pois provém do nome visigótico Sangemiro – sinal de que, depois dos romanos, também os invasores bárbaros por ali andaram.
Não há, portanto, indicação precisa da época em que as águas termais começaram a ser utilizadas para fins terapêuticos.

Covas na areia e banhos de tina
A primeira referência às “Caldas da Lageosa” (nome antigo dado a estas termas) surge no “Aquilégio Medicinal”, obra publicada em 1726 e que faz o levantamento das fontes termais do país. Na descrição, é salientado o facto de as águas quentes (a 49 graus) brotarem naturalmente do leito do rio Dão: “Na freguesia de Lageosa, distante duas léguas da cidade de Viseu, no areal do rio Dão, que por ali corre, se acha em qualquer parte dele água quente, e sulfúrea, da mesma natureza que a das Caldas de Alcafache, e serve para os mesmos achaques. Não correm estas águas de fonte, mas em qualquer parte do areal, que abrem numa cova, ali se acham; e nelas tomam banhos; ou fazendo cova na areia, ou levando a água para um lugar vizinho, a que chama S. Gemil, onde tomam banhos em tina, que é tão eficaz a sua virtude que ainda assim se aproveita”.
Durante muitos anos, as águas de Sangemil, se bem que conhecidas e utilizadas pelos seus habitantes, que mergulhavam cântaros no local em que brotavam, não eram divulgadas pelos forasteiros. A utilização era, assim, livre e gratuita para todos os moradores.