As Termas da Piedade foram mais uma paragem no percurso que a piloto portuguesa Elisabete Jacinto está a realizar pelas estâncias termais da rede Termas Centro. Neste texto, escrito na primeira pessoa, conta-nos o que viu e experimentou.
Às Termas da Piedade aplica-se, na perfeição, o termo SPA Termal. Integradas num hotel de quatro estrelas, designado Your Hotel & SPA Alcobaça, situam-se entre uma mata densa e verdejante e pomares de pereiras e macieiras, na freguesia de Vestiaria, concelho de Alcobaça. O espaço que contorna o hotel é cuidadosamente ajardinado e o seu interior é decorado com gosto.

“Fazer” termas na Piedade, quer seja na perspectiva do bem-estar ou da saúde, já que são adequadas aos tratamentos de doenças do aparelho digestivo, reumáticas, músculo-esqueléticas e da pele, é uma experiência agradável que fica na nossa memória. Este lugar constitui uma boa alternativa para quem procura simplesmente cortar com a rotina e o stresse diário e passar dois ou três dias num retiro de tranquilidade. Aqui é possível sentir-se longe de tudo, mas, simultaneamente, perto de tudo, se assim o desejar. Alcobaça está mesmo ali e tem muito para nos oferecer.



Desfrute: De um verdadeiro SPA termal
O termo SPA entrou recentemente no nosso léxico como uma necessidade de quebrar o elevado ritmo da nossa vida diária, resultante das exigências provocadas pelo desenvolvimento da tecnologia e da acumulação de vários papeis sociais. “Fazer SPA” significa fazer uma pausa, dar ao nosso corpo e à nossa mente a possibilidade uma oportunidade para se recompor. Daí a necessidade de um ambiente que associe a tranquilidade e a natureza a actividades saudáveis que sejam libertadoras. A água, pela sua acção relaxante, acaba por ser incluída neste grupo de actividades reconstituintes. Se tiver propriedades terapêuticas, tanto melhor! Nas Termas da Piedade By Your Hotel & SPA Alcobaça encontrei exactamente tudo o que vos acabo de descrever e a experiência acabou também por ser divertida.

Este espaço dispõe de um circuito de hidroterapia com duas piscinas com jacuzzi e camas de hidromassagem. Incluem também jactos de água, que permitem massajar as costas, assim como cascatas que o fazem aos ombros e cervicais. Para além disso, inclui um “Pedilúvio” especial onde se caminha descalço sobre calhaus rolados retirados da natureza, enquanto jactos de água nos vão massajando as pernas, os pés e os tornozelos. O mais divertido de todos é, sem dúvida, o “Passeio das Chuvas”. Começamos por caminhar tranquilamente num corredor sob uma chuva morna, o que é bastante agradável. Contudo, pouco a pouco começamos a andar mais depressa e acabamos obrigatoriamente a correr, dado que a água se vai tornando cada vez mais fria e, sem dar por ela, aumentamos o ritmo… tal e qual como fazemos quando somos apanhados na rua por uma forte e inesperada chuvada. Faz-nos rir! Com isto, ganhamos coragem para experimentar o “Balde de Água Fria” que é exatamente isto, um balde de água fria que nos deixa, por momentos, sem fôlego.




Longe de querer descrever tudo o que se pode usufruir nas Termas da Piedade, não posso deixar de fazer referência à “Marquesa de Sal dos Himalaias”, que proporciona um fabuloso relaxamento. Os cristais de sal são bioenergéticos, ricos em minerais presentes na água do mar. Se em termos físicos proporcionam o alívio das dores através do estímulo da circulação sanguínea, em termos mentais, por ser um excelente condutor de energia, acabam por ter um poder revitalizante.


A “Marquesa de Flutuação Zen” é outra experiência que vale a pena. Esta associa o efeito de flutuação à massagem exercida por jactos de água aquecida, sem que se esteja em contacto com ela, o que proporciona um excelente efeito de relaxamento. Para além de tudo isto, o ambiente é muito agradável. Gostámos muito.
Descubra: Alcobaça e os seus edifícios históricos
Falar das Termas de Piedade significa recuar na História. Consta que estas Termas já existiam na época dos romanos… Contudo, foram os monges arrábidos sediados na freguesia de Vestiaria que no século XVI construíram uma casa para abrigo dos doentes, onde as águas eram utilizadas em poças para o seu tratamento. Construíram também uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Piedade da qual já não restam vestígios, mas foi ela que esteve na origem da denominação dada a estas termas. Foram os Monges de Cister do Mosteiro de Alcobaça que, mais tarde, construíram o primeiro estabelecimento termal, ainda que muito rudimentar, e que o foram aperfeiçoando até 1834, momento em que a exploração passou para o município de Alcobaça. A história não acaba aqui, mas, com este pequeno resumo, pretendo apenas referir-me à antiguidade da utilização destas nascentes termais.
A sua existência leva-nos ao magnifico Mosteiro de Alcobaça, onde viveram os Monges de Cister. Este monumento é de visita obrigatória dada a sua imponência e importância na região. Está classificado, desde 1989, como Património Mundial da UNESCO. Na realidade, por entre aquelas paredes grossas e frias, sentimos um pouco da calma e tranquilidade que procuramos nestes momentos de retiro que nos levam às termas.





Uma vez visitado o Mosteiro, acabámos por nos sentir atraídos pela cidade que o envolve, a tal que nasceu entre os rios Alcoa e Baça. Para a conhecer seguimos a “Rota dos Chalets e Palacetes de Alcobaça”, inspirado no livro “Um Século de História de Alcobaça, 1810-1910” de Maria Zulmira Furtado Marques. Percorremos assim a cidade à procura destes edifícios magníficos, alguns em muito bom estado de conservação ou completamente recuperados, outros já em ruínas. Todos tiveram o mérito de nos transportar para uma época passada e estimular a nossa imaginação. Admirámos e fotografámos quinze destes edifícios, nos quais se inclui, por exemplo, o que resta das muralhas do castelo, o Palacete da Pena, actualmente sede do Município, o Chalet Rino, o Chalet Fonte Nova, o Palacete CEERIA… Enfim, é interessante ir descobrindo a história de cada um destes edifícios e perceber como cada um deles se foi adaptando, ou não, aos tempos actuais.





Explore: Os percursos pedestres e o Museu do Vinho
Deixando para trás o circuito urbano, voltámos às Termas da Piedade, onde as fotos a preto e branco de tempos já recuados que decoram o hotel nos permitem perceber a transformação daquele espaço e a sua adaptação às necessidades da modernidade. Para completar essa adaptação foi desenhado na mata, que também lhe serve de jardim, um percurso pedestre sinuoso, que vai subindo e descendo a encosta por entre árvores frondosas, mas de tronco estreito, as quais nos encerram na natureza e nos separam de tudo o que para lá dela possa existir. Diz-se que tem cerca de dois quilómetros, mas podemos ficar por ali a deambular, caminhando tantos quantos quisermos, pois a mata continua por ali fora…



Para além deste, mesmo ali em frente às termas, passa o percurso pedestre “PR4 ALC-Trilho da Vestiária”. Trata-se de uma rota circular com cerca de sete quilómetros que poderá ser feito em apenas duas horas e que conta um pouco da história da região. Não o fizemos, ficando assim reservado para uma próxima estadia no local.
Optámos antes por ir conhecer o Museu do Vinho, uma joia da viticultura portuguesa, dado que representa esta temática em termos nacionais. O seu espólio é um legado de uma das maiores organizações agrícolas de Portugal, a Junta Nacional do Vinho. É o maior museu do país em termos de dimensão, contendo cinco núcleos edificados e mais de dez mil peças expostas. Tem a particularidade de ser um museu genuíno. É no mesmo espaço onde antes se produzia e guardava o vinho que hoje se expõe e se conta a sua história, dando-nos uma lição sobre um produto de tão grande importância na nossa cultura e economia. Merece, de facto, uma visita.


Mais informações sobre as Termas da Piedade aqui.
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